quarta-feira, 8 de julho de 2009

Somos todos cyborgs?

A dúvida é minha. A afirmação de ANDY CLARK, filósofo, autor do livro Supersizing the mind (Aumentando a mente, sem tradução no Brasil) e professor da Universidade de Edimburgo, na Escócia.

Clark diz ser um cyborg na medida em que todos os seres humanos são. De acordo com sua teoria, nascemos com a capacidade de criar dispositivos para guardar informações e para processá-las fora do cérebro. Por isso, a mente de cada pessoa estaria espalhada pelos cadernos, arquivos de computador e aparelhos de celular usados no dia a dia. “A mente extrapola nosso corpo. Está difusa pelo mundo”

Entrevistado pela Revista Época, Clark afirma: "Nós já somos um pouco cyborgs. Não aqueles de ficção científica, que são feitos de uma mistura de tecido biológico com sistemas computacionais de última geração. Não temos fios e microchips em nosso corpo nem nosso cérebro funciona como um computador. Somos cyborgs por natureza no sentido de que temos uma simbiose com a tecnologia, uma interação muito estreita com dispositivos que inventamos para facilitar nossa vida. Da mesma maneira como você pode incorporar a seu corpo uma estrutura para funcionar como parte dele – é o que acontece quando você se torna muito bom em usar uma raquete de tênis, por exemplo –, podemos usar dispositivos que aumentem nossa capacidade mental. Nós criamos sistemas para que o cérebro tenha o menor trabalho possível."

Acesse a matéria completa

Isso tudo me faz pensar que os limites entre humano e tecnológico parecem estar cada vez mais amálgamos. Em tempos em que se fala em inteligência articifial e tecnologia suficiente para fazer máquinas desenvolverem sentimentos, não é possível prever limites para os avanços tecnológicos.

Bom, ruim? A tecnologia permitiu ao homem passar das lascas de pedra aos objetos polidos; das ferramentas à mecanização e da mecanização à microeletrônica. Parecem avanços naturais.

Se teremos no fututro, tecnologias implantadas no nosso corpo, isso pode ser assustador ou fascinante. O que parece obvio é que as tecnologias deveriam servir para facilitar a nossa vida e ajudar-nos a resolver nossos problemas. Não o contrário.

Essa conclusão me remete à uma conversa com meu marido falando sobre pragas de lavoura. Dizia ele que há algum tempo atrás gastava-se muito menos para produzir. Eram necessários poucos "banhos" (uso de inseticidas, herbicidas, fungicidas). Hoje, algumas das empresas que fabricam esses pesticidas são as mesmas que detém o controle de produção e distribuição de sementes e que através de biotecnologia produzem sementes já "doentes". Ou seja, a tecnologia utilizada para resolver os problemas ( leia-se, financeiros) de alguns. Tecnologias que reforçam relações de poder e formas de capitalismo cristalizadas.


Nenhum comentário: